terça-feira, 10 de novembro de 2009

(silêncio)

Desde pequena, e nas incontáveis vezes em que eu passei pela via Dutra indo ou voltando do Rio, toda vez que passávamos por um certo trecho da estrada eu dizia: "essa é a parte que eu mais gosto de toda a viagem". Caso eu estivesse dormindo, minha mãe me acordava para que eu visse a minha parte. De um lado e de outro, tanto na ida quanto na volta, árvores formavam um túnel lindo por onde os carros passavam. Na loucura que é aquela rodovia, entre caminhões e ultrapassagens, aqueles quilômetros me traziam tranquilidade. Sempre. Nunca passei por lá pra não me sentir acolhida, nem nunca pensei em outro lugar como o que eu mais gostasse de passar.

Esse final de semana fui ao Rio. Dirigindo, como sempre nos últimos anos, vi as minhas árvores de longe e sorri, feliz. Atravessei, não sei, uns 200 metros, e meu coração parou: as árvores do canteiro central, todas dali em diante, foram cortadas. Fiquei de boca aberta e só consegui balbuciar: "cortaram a minha parte preferida da estrada, mãe." Triste, totalmente arrasada pelo fim de um dos lugares que mais gostei em toda a minha vida.

Na volta, a mesma coisa. Meu coração parou de novo, ficou mais cinza, e minha esperancinha nas coisas bonitas da vida ficou um pouco menor. Pra piorar, lembrei que a única foto que tenho de lá sequer fui eu quem tirei. Em maio fomos ao Rio e a sócia quis parar pra fazermos um clique. Meio burocrático até, rapidinho, que a gente não via a hora de chegar ao Rio. Os meus quilômetros afetivos se resumem, pois, nessa imagem:



E nessa memória aqui, que sabe-se lá quando falha.

2 comentários:

Carol Folhasi disse...

tem uma mais bonita, daquelas do chao que a gente adora. pode procurar!

Tally M. disse...

eu comecei a ler o texto e soube exatamente de que pedacinho da estrada vc estava falando. passei a vida por ali tb, família em niterói, sabe como é. mas sempre gostei mais do momento em que mudava o estado. pq parecia mágica. era como entrar em um mundo encantado. sempre.