quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Aos vossos pés

De maio de 2005 a julho de 2009, o "A teus pés" teve outra casa. Em agosto eu vim pra cá, ainda a teus pés, com outra roupagem. Por que "A teus pés"? - me perguntam. Porque é o livro dela, da Musa, daquela com quem estou de mãos dadas quando piso o chão do mundo. Pra ela, a mesma pergunta:

"Olha, vamos lá. 'A teus pés'... tem uma porção de coisas em 'A teus pés'. Eu gosto desse título, porque, em primeiro lugar, ele sugere uma devoção religiosa, é a primeira coisa, não é? Depois ele sugere uma certa humilhação diante de... Ele sugere também um romantismo. (...) Agora, 'a teus pés', como eu te disse, eu sinto como uma referência ao outro. Inclusive o assunto do texto é uma paixão. Quando você fala em 'a teus pés', você está fazendo "fragmentos de um discurso amoroso". Como é possível estar 'a teus pés'? Esquisito isso, estar 'a teus pés'. Quando você escreve, você tem esse desejo alucinado e, se você está escrevendo na perspectiva da paixão, ou sobre a paixão, a respeito da paixão, há esse desejo alucinado de se lançar, que seu texto mobilize."

Depoimento de Ana Cristina Cesar no curso "Literatura de mulheres no Brasil" - curso ministrado pela professora Beatriz Rezende, na Faculdade da Cidade, em 6 de abril de 1983.
Publicado em Crítica e Tradução, Ana Cristina Cesar, Editoras Ática e Instituto Moreira Salles

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Geograficamente

Onde fica a Fonte da Saudade?



(E o Morro? É da saudade ou é de saudade?)


terça-feira, 10 de novembro de 2009

(silêncio)

Desde pequena, e nas incontáveis vezes em que eu passei pela via Dutra indo ou voltando do Rio, toda vez que passávamos por um certo trecho da estrada eu dizia: "essa é a parte que eu mais gosto de toda a viagem". Caso eu estivesse dormindo, minha mãe me acordava para que eu visse a minha parte. De um lado e de outro, tanto na ida quanto na volta, árvores formavam um túnel lindo por onde os carros passavam. Na loucura que é aquela rodovia, entre caminhões e ultrapassagens, aqueles quilômetros me traziam tranquilidade. Sempre. Nunca passei por lá pra não me sentir acolhida, nem nunca pensei em outro lugar como o que eu mais gostasse de passar.

Esse final de semana fui ao Rio. Dirigindo, como sempre nos últimos anos, vi as minhas árvores de longe e sorri, feliz. Atravessei, não sei, uns 200 metros, e meu coração parou: as árvores do canteiro central, todas dali em diante, foram cortadas. Fiquei de boca aberta e só consegui balbuciar: "cortaram a minha parte preferida da estrada, mãe." Triste, totalmente arrasada pelo fim de um dos lugares que mais gostei em toda a minha vida.

Na volta, a mesma coisa. Meu coração parou de novo, ficou mais cinza, e minha esperancinha nas coisas bonitas da vida ficou um pouco menor. Pra piorar, lembrei que a única foto que tenho de lá sequer fui eu quem tirei. Em maio fomos ao Rio e a sócia quis parar pra fazermos um clique. Meio burocrático até, rapidinho, que a gente não via a hora de chegar ao Rio. Os meus quilômetros afetivos se resumem, pois, nessa imagem:



E nessa memória aqui, que sabe-se lá quando falha.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009