sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Cidade e os Livros


O Rio parecia inesgotável
àquele adolescente que era eu.
Sozinho entrar no ônibus Castelo,
saltar no fim da linha, andar sem medo
no centro da cidade proibida,
em meio à multidão que nem notava
que eu não lhe pertencia - e de repente,
anônimo entre anônimos, notar
eufórico que sim, que pertencia
a ela, e ela a mim
-, entrar em becos,
travessas, avenidas, galerias,
cinemas, livrarias: Leonardo
da Vinci Larga Rex Central Colombo
Marrecas Íris Meio-Dia Cosmos
Alfândega Cruzeiro Carioca
Marrocos Passos Civilização
Cavé Saara São José Rosário
Passeio Público Ouvidor Padrão
Vitória Lavradio Cinelândia:
lugares que antes eu nem conhecia
abriam-se em esquinas infinitas
de ruas doravante prolongáveis
por todas as cidades que existiam.
Eu só sentira algo semelhante
ao perceber que os livros dos adultos
também me interessavam: que em princípio
haviam sido escritos para mim
os livros todos. Hoje é diferente,
pois todas as cidades encolheram,
são previsíveis, dão claustrofobia
e até dariam tédio, se não fossem
os livros infinitos que contêm.

Antônio Cícero

Gosto muito mais de poesia quando escuto alguém lendo. As letras que acompanho com os olhos (tenho que acompanhá-las!) fazem muito mais sentido na entonação alheia. "A cidade e os livros" ali, na frente da
Leonardo da Vinci, no centro do Rio, teve outro gosto.

Morrer deve ser assim





(Dos presentes que a gente leva pra vida)

Fiel aos acontecimentos biográficos... ainda.


O A teus pés veio parar aqui. Parou .
Apadrinhado pela
Menina com uma flor, a menina mais doce que existe.
Com esse jeito assim "hablas espanhol" pra dar uma moral também pra Carmencita.
Enfim...
Começa-se.


(pode ser que siga um pouco egocêntrico, nunca se sabe)